“Helena acordou esperando que aquele fosse um
dia diferente. Tomou seu café e saiu de casa correndo. Sabia que mal daria
tempo de resolver suas coisas no centro e ainda ir para a consulta.
O
sol se levantava, a primavera começava e o cheiro de esperança surgia no ar.
No seu iPod, tocava alguma música que falava sobre esperar em Deus.
Calçou seu all star, amarrou seu cabelo e pegou sua jaqueta jeans favorita.
Saiu. Em poucos minutos se achava na movimentada avenida de sua cidade.
Fez
metade das coisas que tinha para fazer, porque tinha medo de se atrasar para a
sua consulta.
Para
em frente à clínica. Observa. Caminha apressadamente até a recepcionista e com
um sorriso, pergunta:
-
Estou atrasada?
-
Não. Fique à vontade. O Dr. D. irá chamá-la em breve.
Helena
senta-se.
Fica
inquieta, impaciente, observando os minutos passando. Levanta-se.
Senta-se. Levanta-se. Senta-se. Por fim, decide conversar com a recepcionista
de novo:
- O
dr. D. está atrasado?
-
Não. O dr. D. nunca se atrasa. As coisas acontecem no tempo dEle. Querida, você
pode sentar e esperar.
Helena
dá um sorriso amarelo. Finge que está bem. Senta-se. Nenhuma revista lhe
interessa. Nem a TV. Helena abaixa a cabeça e repassa em sua mente, todos os
anos de espera, tantas tentativas frustradas, tantas decepções, mágoas. Mas
agora, ela finalmente está na sala de espera.
A
recepcionista, preocupa-se e caminha até Helena. Olha para ela e com um sorriso
diz:
-
Querida, temos chá, café e bolacha ali naquele balcão. Mas podemos providenciar
algo a mais. Tudo para o seu conforto. Gostaria de um suco? Um sanduíche?
-
Não, estou bem. Helena apenas responde.
A
recepcionista ainda lhe informa que, ela pode mudar de canal se quiser, pode
ler algum livro ou revista, para não fica entediada. Mas Helena parece nem
ouvir.
Helena,
fixa os olhos no relógio grande da catedral, no outro lado da rua. Pela janela,
ela vê os segundos passarem levando embora os minutos. Helena respira fundo e
bebe um gole de água. Não aguenta mais esperar e parece que vai morrer se tiver
que esperar mais alguns minutos. Ela até sabe que o dr. D. não está atrasado,
ela que está ansiosa demais, mas ela prefere ignorar o que sabe, prefere não
ouvir, e assim, se agarra em suas emoções, de desespero, desconforto,
impaciência. Helena não vê a hora de poder, finalmente, sair da sala de
espera.”
CONTINUA...
Nenhum comentário:
Postar um comentário