sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A SALA DE ESPERA I


 “Helena acordou esperando que aquele fosse um dia diferente. Tomou seu café e saiu de casa correndo. Sabia que mal daria tempo de resolver suas coisas no centro e ainda ir para  a consulta.
O sol se levantava, a primavera começava e o cheiro de esperança surgia no ar.  No seu iPod, tocava alguma música que falava sobre esperar em Deus. Calçou seu all star, amarrou seu cabelo e pegou sua jaqueta jeans favorita. Saiu. Em poucos minutos se achava na movimentada avenida de sua cidade.
Fez metade das coisas que tinha para fazer, porque tinha medo de se atrasar para a sua consulta.
Para em frente à clínica. Observa. Caminha apressadamente até a recepcionista e com um sorriso, pergunta:
- Estou atrasada?
- Não.  Fique à vontade. O Dr. D. irá chamá-la em breve.
Helena senta-se.
Fica inquieta, impaciente, observando os minutos passando. Levanta-se. Senta-se. Levanta-se. Senta-se. Por fim, decide conversar com a recepcionista de novo:
- O dr. D. está atrasado?
- Não. O dr. D. nunca se atrasa. As coisas acontecem no tempo dEle. Querida, você pode sentar  e esperar.
Helena dá um sorriso amarelo. Finge que está bem. Senta-se. Nenhuma revista lhe interessa. Nem a TV. Helena abaixa a cabeça e repassa em sua mente, todos os anos de espera, tantas tentativas frustradas, tantas decepções, mágoas. Mas agora, ela finalmente está na sala de espera.

A recepcionista, preocupa-se e caminha até Helena. Olha para ela e com um sorriso diz:
- Querida, temos chá, café e bolacha ali naquele balcão. Mas podemos providenciar algo a mais. Tudo para o seu conforto. Gostaria de um suco? Um sanduíche?
- Não, estou bem. Helena apenas responde.
A recepcionista ainda lhe informa que, ela pode mudar de canal se quiser, pode ler algum livro ou revista, para não fica entediada. Mas Helena parece nem ouvir.
Helena, fixa os olhos no relógio grande da catedral, no outro lado da rua. Pela janela, ela vê os segundos passarem levando embora os minutos. Helena respira fundo e bebe um gole de água. Não aguenta mais esperar e parece que vai morrer se tiver que esperar mais alguns minutos. Ela até sabe que o dr. D. não está atrasado, ela que está ansiosa demais, mas ela prefere ignorar o que sabe, prefere não ouvir, e assim, se agarra em suas emoções, de desespero, desconforto, impaciência. Helena não vê a hora de poder, finalmente, sair da sala de espera.”

CONTINUA...

Nenhum comentário:

Postar um comentário